O espaço intersticial tem uma estrutura anatômica e funcional bem conhecida onde à dinâmica de seu funcionamento é fundamental no deslocamento dos nutrientes, dos metabolitos e na defesa imunológica. É composto por uma estrutura de sustentação de fibras reticulares, de colágeno, elásticas e uma substância fundamental composta, por exemplo, como proteoglicans, glicosaminas, ácido hialurônico e outros. Os fibroblastos produzem boa parte dessas estruturas tanto as estruturas de sustentação como a fundamental.
Associado a essa estrutura há uma rede de vasos arteriais, venosos e linfáticos que são encarregados pela dinâmica circulatória dos espaços intra e extravasos. Os vasos possuem uma área de superfície 500 a 700 metros quadrados que colocam numa dinâmica de troca os produtos do sangue circulante e do fluido intersticial. Essa é a grande função do espaço intersticial, portanto uma continuidade da circulação e não de um órgão independente, portanto afirma-se que ele faz parte do sistema circulatório.
Todo o volume de nutrientes que saíram da circulação arterial para o espaço intersticial e necessita de retornar para a corrente sanguínea, E esse retorno é feito principalmente através dos capilares venosos onde cerca de 90% do fluido passam por poros que tem cerca de 5 a 6 nanômetros, portanto passam por uma nano filtração. Outros 10% retornam pelos capilares linfáticos por onde as macromoléculas conseguem retornar. O fluido intersticial ao passar para os capilares linfáticos muda de nome e passam a constituir na linfa. Esse material que ingressou na circulação linfática necessita de passar pelos linfonodos onde ocorre uma filtração seletiva de seus componentes onde as partículas conhecidas tem acesso livre e as estranhas são identificadas e sofrem ação dos macrófagos e tem uma defesa imunológica.
Os capilares linfáticos nascem em forma de dedos de luva no espaço intersticial e juntam formando os pré-coletores, vasos que já são valvulados e o espaço entre as válvulas desempenham a função de microcorações linfáticos com a função de propulsão da linfa. A permanência desses vasos abertos ocorre devido às fibrilas de ancoragem que tem uma função importante controlando a abertura e fechamento dos poros. Portanto, uma interferência na dinâmica da formação da linfa.
Esses dados sugerem que o espaço intersticial faz parte do sistema circulatório e não constitui num novo órgão independente. Todo produto nutricional e metabólico passa por ele e nos capilares venosos e linfáticos teremos a “purificação” do fluido circulante que retona para a circulação sanguínea. Além disso, a defesa imunológica e a proteção de migração de células cancerígenas nos linfonodos.
Essa exposição mostra uma síntese do que conhecemos sobre o espaço intersticial e deixamos claro que ele faz parte do sistema circulatório. Ele é interligado a microcirculação sanguínea e linfática, portanto impossível de dissociar desse espaço. Não há nutrição das células se não houvesse o espaço intersticial. O principal objetivo do sistema circulatório é a nutricional e não seria atingido se não houvesse o espaço intersticial.