RECONSTRUINDO VIDAS NO TRATAMENTO DO LINFEDEMA DO CÂNCER MAMA COM ABORDAGEM DA TERAPEUTA OCUPACIONAL

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Reconstruindo vidas no tratamento do linfedema do câncer mama com abordagem da terapeuta ocupacional

Reconstruindo vidas no tratamento do linfedema do câncer mama com abordagem da terapeuta ocupacional

             A informação de um câncer de mama é uma situação no mínimo desconfortável onde o paciente transforma sua vida na busca de uma solução. A primeira fase é o enfrentamento do tratamento que geralmente envolve a cirurgia, radioterapia e a quimioterapia. Entretanto, os resultados do tratamento e as complicações que podem ocorrer trazem mais ansiedade e a expectativa em relação à cura e das possíveis complicações. 

              Frente a todos esses transtornos, durante o tratamento, as pacientes nem sempre recebem as informações necessárias para reduzir ou evitar as complicações. Muitas vezes são orientadas a deixar de fazer suas atividades cotidianas e principalmente sua atividade ocupacional. Essa informação é mais um fator agravante para sua qualidade de vida em todos os aspectos, seja físico, pela limitação de não poder realizar mais nada, psicológico, por gerar mais depressão pelo fato de falta de produtividade e fator socioeconômico, redução financeira, pelo afastamento ocupacional. Dessa forma, uma orientação da terapeuta ocupacional e da equipe pode ajuda na prevenção do linfedema e no tratamento.

            O ser humano é um ser ocupacional, e esse assunto é estudado e conhecido desde a antiguidade. Sabe-se que quando reduz ou elimina essa ocupação, isso afeta terrivelmente sua vida. O linfedema é uma complicação que pode ocorrer e agravar ainda mais a autoimagem já deteriorada pela retirada da mama ou parte dela, onde é sabido que representa para a mulher a feminilidade e a maternidade e agora um linfedema no braço, um disformismo a mais em seu corpo.

 

            Quando as mudanças de vida levam a uma redução parcial ou total das atividades ocupacionais, isso pode se tornar um estigma de improdutividade ou sentimento de “não sou mais capaz ou não posso mais”. Para o ser humano, isso representa deteriorização da vida, assim, devolver a ocupação através do desenvolvimento de novas habilidades, estimular a descoberta de novas formas de ocupação a cada ação diária faz com essas mulheres reconstruam uma nova vida e com um novo sentido. A terapeuta ocupacional tem nessa função e nesse aspecto, um papel essencial no tratamento do linfedema.

             A ocupação adaptada e desenvolvida a essas mulheres, sejam elas laborais, sejam atividades novas, como a descoberta de uma habilidade de pintura, música ou ainda social, como organizar, participar em grupos de apoio a comunidades que necessitam de seu apoio faz com que a vida seja reestruturada, valorizada e plena. Assim, o câncer de mama e/ou linfedema pós-tratamento nunca será um fator limitante, e sim, um aprendizado para sermos felizes.

              A experiência que temos nesses anos com o grupo de mulheres com linfedema pós-tratamento do câncer de mama “convivendo com linfedema”, mostra claramente que a vida não acabou nem com o câncer e nem com o linfedema. Pelo contrário, para muitas foi uma nova experiência de vida onde as novas descobertas ocupacionais transformaram suas vidas e para melhor. Portanto, quando estamos tratando uma doença crônica temos que pensar de forma abrangente e não apenas no físico e sim em todos os aspectos.

              A ocupação como forma de terapia melhora todos os aspectos desde físico, psicológico, social, comunitário e o familiar. Portanto, é um aspecto que deve ser estimulado e aperfeiçoado nos grupos de terapia.

           Em relação ao aspecto psicológico, há um ditado que diz “mente sana mente ocupada”, desta forma, a ocupação física e intelectual em todos os sentidos preenche um espaço de tempo nas nossas mentes, que desvia o pensamento dos problemas.

           A ocupação física pode ser voltada a produção de bens e mesmo como forma de tratamento do linfedema. Nossa experiência mostra que a forma mais simples e funcional no tratamento do linfedema é a associação das braçadeiras de gorgurão com atividades ocupacionais orientadas. Portanto, a ocupação como uma forma de tratamento empregando das atividades linfomiocinéticas constitui numa das melhores opções de tratamento para esses pacientes associados a braçadeiras de gorgurão. As orientações em relação às atividades físicas podem transformar essas atividades em exercícios linfomiocinéticos ocupacionais.

         A tese de doutorado de Fátima Godoy foi avaliando as principais atividades linfomiocinéticas do dia a dia. Estudos comprovando sua eficácia associado com braçadeiras de gorgurão foram realizados. Portanto, as atividades ocupacionais transformadas em exercícios ocupacionais associados às braçadeiras de gorgurão são eficazes na redução do linfedema pós-tratamento câncer de mama.

         A reabilitação ocupacional plena passou a ser para a Profa. Dra. Fátima Godoy o grande objetivo no tratamento do linfedema e na prevenção do linfedema pós-tratamento do câncer de mama.

         O grupo “convivendo com linfedema” passou por toda essa evolução nesses anos. Hoje buscam novos caminhos, onde os objetivos envolvem a transformação da produção em benefícios para comunidades carentes. Essa busca se transformou numa ocupação maravilhosa na qual o trabalho desenvolvido pelas mulheres do grupo se torna útil para pessoas mais necessitadas. Dessa forma, elas mudaram radicalmente a visão de suas vidas, passando a serem pessoas importantes para a família e comunidade.

    Outro aspecto é que identificaram na comunidade pessoas que aderiram a suas causas e passaram a contribuir e compartilhar essa vivência. Está sendo uma grande experiência para esses profissionais que abraçaram a causa, como as professoras de pintura, artesanato, dança e outros. A função da equipe de tratamento é orientar e motivar todos esses acontecimentos, mas deixar que elas “caminhem com suas próprias pernas”. O estimulo à criatividade é a alma desse sucesso na busca da transformação dessas vidas.

 

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